segunda-feira, 3 de agosto de 2015

Flávio Azevedo tomará posse amanhã

Escolhido pelo governador Robinson Faria para reconciliá-lo com as classes produtoras, que já mostram engajar-se com o poder executivo em função de sua posse, o engenheiro Flávio Azevedo assumirá a secretaria de Desenvolvimento, Indústria e Comércio na hora em que o Rio Grande do Norte mais precisa lutar, para impedir que forças políticas desviem para o Ceará o centro de conexões de vôos (HUB) que a Latam tendia a instalar no aeroporto de São Gonçalo do Amarante.
Caberá a Flávio, na foto com Wilma, criar e executar....
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ROBERTO GUEDES
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Vice-presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI) e duas vezes ex-presidente de sua homóloga potiguar, a Fiern, o engenheiro e empresário Flávio Azevedo tomará posse nesta terça-feira, 4, às 16 horas, amanhã, como secretário estadual de Desenvolvimento, Indústria e Comércio testemunhando o compromisso de reconciliar o governo Robinson Faria com as classes produtoras locais.
De forma abrangente, Robinson aposta em que Flávio emprestará uma agenda positiva a seu governo, que capenga também no campo do planejamento, evitando que ande de mãos abanando se representa um Estado que precisa muito ir garimpar apoios onde houver. Ele não gostou de na semana passada não levar uma pauta de interesses do Rio Grande do Norte quando foi assistir à posse do novo superintendente da Sudene (Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste), o ex-prefeito João Paulo, em Recife, porque nenhuma das duas pastas dispunha de algo para aproveitar a ocasião.
A primeira demonstração de que o empresário se qualifica para a primeira missão está se evidenciando desde o agendamento da sua assunção ao cargo. Convites para a posse de Flávio, que será presidida pelo Governador, no auditório de seu gabinete, no Centro Administrativo, em Lagoa Nova, estão sendo emitidos por entidades representativas do empresariado, principalmente pela Fiern, cujo presidente, empresário Amaro Sales, foi eleito com o apoio do novo Secretário.
Ressentimento
Este empenho passou a se fazer necessário depois que o antecessor de Flávio na Secretaria, o economista paranaense Paulo Roberto Cordeiro, adotou atitudes que ampliaram o fosso aberto entre Robinson e o empresariado antes mesmo da campanha eleitoral que o conduziu à governadoria.
O ápice desses desencontros foi um pronunciamento em Cordeiro se contrapôs aos interesses da indústria de energia eólica ao sugerir a imposição de um ônus financeiro à atividade. Ele queria que, a exemplo da produção de petróleo, que declina no território potiguar, a geração de energia limpa pagasse “royalties”.
Na verdade, Robinson demonstrou pessoalmente grande ressentimento contra os empresários em pronunciamento que fez há poucos meses, no auditório da Fiern, ao recordar que na campanha para Governador as classes produtoras, vetorizadas pela sua anfitriã, não quiseram sequer ouvi-lo.
...a agenda positiva que falta ao governo de Robinson.
Terminou acrescentando que até secretários de seu governo haviam votado no seu principal concorrente, o então deputado federal Henrique Eduardo Alves, presidente regional do PMDB e desde abril ministro do Turismo.  
Cordeiro ajudou
Uma infeliz coincidência para os planos de Cordeiro quanto a permanecer no Rio Grande do Norte, para onde veio no bojo de indicações feitas pelo ministro das Cidades, engenheiro Gilberto Kassab, presidente nacional do partido de Robinson, o PSD, e ex-prefeito de São Paulo, o fez abrir as portas do governo para Flávio, também estigmatizado, até então, em função do apoio à candidatura de Henrique Eduardo.
Ao propor a cobrança de royalties sobre a energia eólica, ele atraiu a reação da Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeólica), que credenciou para falar em seu nome um conselheiro potiguar, o jovem empresário Sérgio Azevedo, filho de Flávio e também presidente do Comitê de Energias Renováveis da Fiern. A pronta reação deste chamou em especial a atenção do deputado federal Fábio Faria, liderado e principal colaborador do pai, Robinson, no comando do PSD potiguar. Amigos de longa data, Fábio e Sérgio conversaram muito sobre a proposta de Cordeiro, concorrendo para que Robinson pessoalmente a desmontasse.
Surgiu aí o diálogo que se estuarizaria no convite para Flávio imprimir conceitos e valores mais locais ao comando da pasta, atrair e vetorizar investimentos privados no território potiguar e criar novas perspectivas para abrir o leque de atrações local. De quebra, também tende a reforçar iniciativas visando ampliar o arco de agremiações políticas que apóiam Robinson.
Atraindo Wilma
Para pousar aí, Flávio se revelou piloto de uma filiação partidária complexa. É ligado à vice-prefeita de Natal, a ex-governadora Wilma de Faria, presidente regional do PSB, e não a Henrique Eduardo. Só por força de circunstâncias e interesses comuns a ele e a Wilma e ao PMDB, terminou filiando-se a esta legenda, em 2013, para coadjuvar a presidente do PSB como candidato a suplente de senador.
Desde um pouco antes da divulgação da nomeação de Flávio circulam em Natal informações sobre uma reaproximação entre Robinson e Wilma, que apoiou Henrique Eduardo. A se confirmar, este processo poderia transformá-la em candidata do Governador à sucessão do prefeito Carlos Eduardo Alves, que preside o PDT no Rio Grande do Norte.
Tal escolha completaria o escanteio que há meses Robinson aplica à candidatura do deputado estadual Fernando Mineiro (PT), que ele próprio inventou em dezembro, entre sua vitória e a posse na governadoria. A queimação desta, a propósito, é tamanha que, sem fechar com Wilma, Robinson já ofereceu a candidatura a prefeito de Natal a vários outros políticos, do deputado estadual Kelps Lima (SDS) ao vereador Luiz Almir Filgueira Magalhães (PV), passando pelo advogado Luiz Gomes, presidente regional do PEN.  
Aeroporto
O que mais se espera de Flávio, entretanto, é a transformação da sua Secretaria em grande instrumento do desenvolvimento econômico do Rio Grande do Norte. Quanto a este objetivo, Flávio entra em campo em momento particularmente delicado, no qual o Rio Grande do Norte disputa com Ceará e Pernambuco a sede do centro de conexões de vôos da Latam.
É preciso reforçar as vantagens que o aeroporto potiguar, o Aluizio Alves, em São Gonçalo do Amarante, oferece sobre os de Fortaleza e Recife, mas não se pode olvidar a necessidade de o Rio Grande do Norte montar uma estratégia para também vencer a disputa no campo político. Há poucos dias a presidanta Dilma Rousseff mostrou que tomou partido pelo Ceará ao nomear um genro do senador Eunício Oliveira (PMDB-CE), líder do governo no Congresso Nacional, para a diretoria da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).
Por coincidência, Flávio é um dos norte-rio-grandenses que mais estudaram a questão aeroportuária potiguar, pois, como presidente da Fiern, se empenhou muito para consolidar a construção do Aluizio Alves, inclusive procurando no exterior potenciais investidores para construí-lo numa Parceria Público-Privada (PPP). Um dos sonhos que acalentava na época era exatamente transformar o terminal aeroportuário de São Gonçalo num HUB não apenas de uma transportadora, mas para praticamente todo o sistema mundial de aviação.
Constrangimento
O principal caminho de que dispõe para entrar nesse jogo é sua amizade com o empresário pernambucano Armando Monteiro Neto, ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior e ex-presidente da CNI. Uma associação de esforços que este compartilhe com o titular da pasta das Cidades, engenheiro Gilberto Kassab, da pasta das Cidades, que preside o diretório nacional do PSD, o partido de Robinson, pode, aos olhos da Governadoria, exercer uma grande força a favor do aeroporto potiguar.
O novo Secretário não conta com o aval de Henrique Eduardo.
Não se sabe ainda se nesta ofensiva Flávio contaria com o apoio concreto do ministro do Turismo, o ex-deputado federal Henrique Eduardo Alves, presidente do PMDB potiguar, que até poucas semanas atrás mostrava agir em paralelo a Robinson em defesa do aeroporto de São Gonçalo, batizado em homenagem a seu pai, Aluizio, que foi um dos maiores líderes políticos que o Rio Grande do Norte conheceu em toda a sua história.
Ao comunicar a Henrique Eduardo a aceitação do convite formulado pelo Governador, Flávio recebeu uma recomendação constrangedora, no sentido de se licenciar do PMDB para deixar claro que a legenda não endossaria sua nomeação. Amigos comuns aos dois asseguram que o Ministro nunca pediu idêntico afastamento a correligionário que assumiu cargo em governo que o PMDB não apoiava, e muito menos exigiu o licenciamento do deputado federal Eduardo Cunha (RJ), presidente da Câmara Federal e um dos principais responsáveis pela sua chegada à pasta do Turismo, quando este anunciou seu rompimento com Dilma.
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